De Fernando Henrique Cardoso ao senador Cristovam Buarque (PT-DF) em uma entrevista publicada na revista Communication Politics, do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina: o que separa o PT e o PSDB não é uma diferença ideológica ou programática, mas simplesmente a disputa de poder.
Em resposta a uma pergunta de Cristovam, o ex -presidente afirma que pensou na possibilidade de PT e PSDB estarem do mesmo lado. Acontece que considera a hipótese improvável devido à disputa sobre a hegemonia política no país.
“É porque não discutimos ou contestamos a ideologia, é poder, é o que ordena”, diz FHC.
Segundo ele, há uma missa tardia no país e nas partes que representam esse atraso:
– As duas partes que têm capacidade de liderança para alterar isso são PT e PSDB. Em aliança com outras partes. Em segundo plano, contestamos quem ordena o atraso – observa.
(Meu comentário: da volta do PT para o centro para garantir a escolha de Lula em 2002, pouco ou quase nada distingue o PT do PSDB. Foi o PT que mudou: o PSDB permanece onde sempre esteve.
O ex -presidente tem razão em dizer que os dois partidos não estão juntos porque competem pelo poder, apenas poder. Ele poderia ter acrescentado que o PT e o PSDB podem estar juntos se o DNA deles fosse diferente. Mas não: o comando dele está em São Paulo. Estas são associações de São Paulo.
E o interesse imediato, próximo e paroquial de seus principais líderes orienta o comportamento dos dois partidos).
(Publicado aqui em 12 de abril de 2005)